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  • Foto do escritorMarcos Oliveira

Pluma maravilha, por Ulisses Vasconcellos

Atualizado: 5 de set. de 2022


Olivêra de macacão amarelo, cantando em um palco de Carnaval, acompanhado de duas moças e um senhor. Todos estão fantasiados, no Concurso de Marchinhas Mestre Jonas, em Belo Horizonte
Quem é ela que se esconde atrás de plumas e paetês?

O tradicional salão estava cheio, bem frequentado. E a festa, animadíssima - apesar do calor. A banda tocava uma marchinha de duplo sentido, sucesso na época. Ela se divertia com a melhor amiga. Adorava Carnaval, sua época preferida, a mais livre. De luvas brancas e máscara dourada, a moça vestia um formoso e enorme vestido azul royal, com infinitas camadas de pano, plumas e paetês. Derretia, naquele quente fevereiro de mil novecentos e vinte e poucos.


Um rapaz chamara sua atenção. De bigodes bem aparados, paletó marfim e chapéu, dialoga besteiras com outro jovem, de blazer cáqui e boina. Não sabia quem ele era e nem a qual família pertencia. Ela se fixava nele, que a mirava. Seria tímido? Ela sorriu. Ele corou e desviou o olhar. Ela acenou e ele imóvel permaneceu. A moça mascarada parecia linda e ele suando frio em pleno verão.


Mais uma troca de olhares, outra canção e o aguardado baile de sábado chega ao fim. Ela que esperava uma atitude recebeu apenas frustração. Voltaram aos seus lares e não se viram nunca mais.


Olivêra de macacão amarelo, cantando em um palco de Carnaval, acompanhado de duas moças e um senhor. Todos estão fantasiados, no Concurso de Marchinhas Mestre Jonas, em Belo Horizonte
Quando ela passa e não olha, parece que a gente foi feito de cera e o dia tá quente demais

A ladeira estava cheia, bem frequentada. A festa, animadíssima - apesar do calor. O bloco tocava um funk de duplo sentido, sucesso na época. Ela se divertia com a melhor amiga. Adorava o Carnaval, sua época preferida, a mais livre. De short, blusinha e tiara amarela, era a Mulher Maravilha repleta de glitter pelo corpo. Derretia naquele fevereiro quente de dois mil e vinte e poucos.


Na rua um rapaz chama sua atenção. De barba, bermuda e camiseta vermelha, era um Chapolim a dialogar besteiras com um jovem Capitão América tropical. Não tinha ideia de quem era, mas se fixava nele, que também a mirava. Seria tímido? Ela sorriu. Ele corou, desviou o olhar. Ela acenou e ele lá, imóvel. A moça era mesmo uma maravilha e ele a suar frio em pleno verão.


Decidida, atravessou a multidão e, antes que ele esboçasse qualquer coisa, o envolveu em um beijo longo, lento, encaixado. Um beijo ardente, de Carnaval. Pronto, resolvido. Assim ela segue a festa, segue o baile, segue o bloco.


Antes de partir, beijou o América, um Pantera Negra e um Dr. Estranho, ignorando qualquer rivalidade entre Marvel e DC. Ainda era sábado, meio-dia, e ela cheia de pressa de viver.


Texto de Ulisses Vasconcellos, que certamente prefere a folia da DC.




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